sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Vivendo com um trauma no coração

Encontramos Sargon* e sua esposa, Leja, morando em um antigo apartamento no Norte do Iraque. Não havia sofá. Ali, espalhados pelo chão, só tinham colchões, para que pudessem se sentar em dia de visita e que, mais tarde, se transformavam na cama em que dormiam.  Em uma das paredes do quarto, caixas cobertas por uma manta rasgada permitiam que os convidados se acomodassem com o mínimo de conforto possível.
Vivendo com um trauma no coração De origem cristã assíria, o casal vivia em Bagdá, onde Sargon trabalhou como mecânico em uma garagem de carros.
Foi quando uma grande bomba explodiu. O alvo era um posto policial próximo à oficina. Três mecânicos, companheiros de Sargon, foram atingidos. Ele sobreviveu, mas, hoje, convive com um pedaço de projétil que penetrou em seu ombro durante o ataque e que não pode ser removido, causando-lhe muita dor.
Em seu coração, Sargon sofre com a marca da ferida emocional que toda essa situação acarretou. No celular, carrega consigo fotos que tirou no dia no ataque. Às vezes ele as mostra para seus amigos e familiares, incluindo uma imagem fortíssima de seus colegas, cobertos de sangue. É como se ele precisasse convencer os demais de que aquele cenário terrível realmente aconteceu.
Na medida em que houve um aumento significativo de levantes terroristas nos bairros de Bagdá, um toque de recolher foi imposto à população. Em uma dessas noites, Leja estava sozinha em casa, quando avistou três homens escalando o muro de sua casa.
Tomada pelo medo, ela bateu com força na parede de seus vizinhos, na tentativa de alertá-los para o perigo e pedir sua ajuda. Felizmente, eles estavam em casa. Um vizinho correu para o telhado e ateou fogo em uma tocha que brilhou na escuridão da noite e afastou os malfeitores.
No dia seguinte, Leja encontrou uma carta em sua caixa de e-mail que dizia: “É melhor você ir embora o quanto antes ou poderá morrer”.
Traumatizado, o casal levou a ameaça a sério. Colocaram em uma mala o máximo de roupas que puderam, assim como os demais itens de sobrevivência e os documentos mais importantes. Antes de partirem, deixaram o restante de seus pertences com um amigo próximo e saíram naquela mesma noite para o Norte do Iraque.
Depois de estabelecidos na nova cidade, Sargon conseguiu um emprego em uma pequena oficina mecânica. Mas ganhava muito pouco, seu salário mal dava para pagar o aluguel.
Sargon sabia que suas habilidades, conhecimento e experiência como mecânico podiam ajudá-lo a montar uma garagem própria, mais lucrativa. Porém, mesmo com tudo em mente, Sargon não tinha dinheiro suficiente para alugar um espaço e começar com novos clientes. Assim, ele e sua esposa pensaram seriamente em voltar à Bagdá, mesmo com tudo que eles haviam passado por lá.
Atuação da Portas Abertas
Quando a Portas Abertas ficou sabendo da situação desses cristãos, concedeu a eles uma espécie de microcrédito, no final de 2011, permitindo que Sargon desse o primeiro passo em direção ao seu negócio próprio (ele usou o dinheiro para pagar o aluguel e comprar ferramentas novas). Cheio de vontade, Sargon fez bom uso dessa oportunidade e, lentamente, foi aumentando o número de clientes.
Depois de alguns meses, ele decidiu voltar à Bagdá, a fim de vender sua casa e estabilizar suas finanças.
Entretanto, no mesmo dia em que retornou de lá, chegou até Leja com más notícias: novos inquilinos haviam se mudado para a casa deles em Bagdá, com permissão do governo e, produzindo documentos falsos, conseguiram provar erroneamente que eram os proprietários daquela residência.
“O mais provável é que percamos nossa casa!”, nos contou Leja. “Fomos roubados com a ajuda do governo”.
“Vamos precisar do auxílio de um advogado para resolvermos isso”, afirmou ela, “mas com a renda que temos hoje, não podemos fazer nada”.
Apesar de o microcrédito ter ajudado no início de uma nova vida para o casal, dando a eles esperança para um futuro melhor, eles ainda sofrem muitos problemas.
A realidade em que vivem os cristãos refugiados no Iraque é cruel. Por isso, ainda não há um “final feliz” para a história de Sargon e Leja.
PEDIDOS DE ORAÇÃO
• Ore por cura, tanto emocional, como espitual. Em seus corações, Sargon e Leja sofrem pelo trauma que passaram em Bagdá.
• Ore por iniciativas e treinamentos de aconselhamento pós-trauma. Peça ao Senhor pela cooperação nesse campo e ore pelo quebrantamento das vidas e restauração de suas almas pelo poder de Deus.
• Ore para que Deus abençoe o negócio de Sargon e o ajude em suas finanças.
• Ore pelos frutos de todos os microcréditos concedidos pela Portas Abertas para ajudar os cristãos do Oriente Médio a permanecerem firmes com Cristo.
*Pseudônimos foram utilizados para proteger a identidade dos cristãos que sofrem com a perseguição

FontePortas Abertas
TraduçãoAna Luíza Vastag

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