sábado, 11 de agosto de 2012
Conheça a realidade dos pastores chineses
Não é um trabalho muito fácil seguir e servir a Cristo em das cidades mais modernas e populosas da China; pastores enfrentam verdadeiros desafios em suas congregações. Essa é claramente a situação em que vive o pastor Fai e sua família. Como um típico pastor da China moderna, governo não é mais o seu maior inimigo; agora, o problema é o dinheiro.
Em um depoimento, Fai resume bem as lutas que pastores chineses enfrentam todos os dias. “Na mente de alguns líderes locais, estar à frente de uma igreja é simplesmente cumprir uma tarefa: aumentar o número de pessoas que frequentam o culto e administrar a igreja de maneira eficaz. Quando o supervisor da sua igreja percebe que você traz mais pessoas aos domingos e lida bem com as finanças, ele gosta do seu trabalho. Mas ele não avalia se os cristãos mantém um bom relacionamento com Deus e em comunidade de segunda a sábado”.
Fai acrescenta ainda que, “embora o ministro deva cumprir, principalmente, a missão de pregar o evangelho, nós não queremos que nossa igreja seja vista dessa forma, somente. Tradicionalmente, os chineses não se importam com o crescimento espiritual da igreja, suas relações pessoais e suas experiências com Deus. Até nossa congregação, no início, adotou essa mesma medida. Mas, estudando a Bíblia, nós descobrimos que Jesus nos chamou para fazermos discípulos do evangelho”. As pessoas precisam conhecer verdadeiramente a Deus.
Os desafios da Igreja chinesa
Ao falar dos desafios do cristianismo no país, Fai comentou suas dificuldades no ministério e admitiu sua vulnerabilidade diante dos próprios problemas pessoais e familiares, assim como a necessidade dos membros de sua igreja. “Como antes era um homem de coração duro, eu ainda estou no processo de conhecer o amor de Deus em minha vida. Felizmente, hoje tenho dois filhos que me ensinam, cada dia, como praticar esse amor. Quanto melhor eu entender a misericórdia e carinho de Deus por nós, mais capaz serei de explicá-lo aos demais que precisam dele”.
Entretanto, como pastor, Fai se preocupa quanto ao salto econômico que está em curso na China. “Com o aumento da renda, as pessoas só querem ganhar mais e mais dinheiro. Isso tem feito com que elas julguem as coisas pelo seu valor monetário. Sua mentalidade materialista está cada vez mais difícil de ser revertida, o que tem se tornado um problema profundamente enraizado na alma dos chineses”.
Ele acredita que a Revolução Cultural - o "desastre de dez anos" -, como muitos chineses a chamam, destruiu os bons valores da China, uma vez que mexeu com a confiança da população. “Somente através da Palavra de Deus e sua própria confiança no Senhor é que os cristãos podem lidar com essa questão de dinheiro”, completou Fai.
Ensinando sobre o modo de vida cristão, apenas, não ajuda muito. “Todos sabem o que e como deveriam ser. Mas nas igrejas, hoje em dia, está tudo muito complicado. Existem diversas atividades e aulas para que os novos cristãos se desenvolvam mais rapidamente, antes mesmo de aprender a servir. Desse modo eles, infelizmente, caem em uma armadilha. Essa história de que é preciso primeiro estar ‘maduro na fé’ para depois servir não funciona. Na verdade, servindo é que crescemos em conhecimento espiritual”.
“Essa é a minha realidade”, explica Fai. “Quando eu entro em uma igreja como observador, eu me pergunto: ‘Nós estamos promovendo eventos ou formando discípulos?’ Porque se nós não estamos fazendo seguidores do Senhor, qual é o sentido de continuarmos sendo uma igreja?”
O pastor Fai não enfrenta perseguição direta mais (embora sofra com o controle do governo). Porém, a perseguição começou há dez anos, logo que ele assumiu a liderança da igreja. “Isso não deveria ser um problema”, disse ele. “A perseguição tem ajudado o crescimento do cristianismo na China. Mas o sucesso da igreja chinesa não depende exclusivamente desse fator. Se não sofrêssemos por amor a Cristo, como iríamos fazer? Em todas as circunstâncias devemos cumprir o chamado de Jesus e fazer discípulos!”
*Nomes foram alterados por medida de segurança.
FontePortas Abertas
TraduçãoAna Luíza Vastag
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