sexta-feira, 19 de outubro de 2012

“Nunca me esquecerei daquele dia”


Dantong family.jpgJá se passaram quase três meses desde que o marido de Hannatu Dantong morreu. Muitos colegas e familiares a apoiaram durante esse tempo, mas ela permanece em um profundo estado de luto. Em 8 de julho, o senador nigeriano Gyang Dantong foi assistir a um funeral de mais de 100 cristãos, mortos no dia anterior por membros do grupo radical Boko Haram, no estado de Plateau. Enquanto os corpos eram enterrados, homens armados se infiltraram entre os presentes e atiraram contra todos os que ali estavam.

"Uma das coisas mais difíceis de lidarmos é o fato de que nós ainda não sabemos exatamente o que aconteceu naquele dia", desabafou Hannatu Dantong, durante a visita de um colaborador da Portas Abertas. "Tudo o que sei é que homens armados invadiram o funeral e mataram meu marido e outros cristãos que mal haviam se recuperado da perda de parentes e amigos queridos."

Gyang Dantong foi membro da Assembleia Nacional da Nigéria. Ele representava Jos, capital do Estado de Plateau. Atuou quatro anos na Câmara dos Deputados e, depois, foi eleito para o Senado, onde trabalhou durante os últimos cinco anos. Militante pela paz na região, em sua função, Dantong teve de enfrentar muitas divisões culturais, religiosas e tribais.

Médico por formação, Dantong era cirurgião no Hospital Cristão Vom, na área rural de Plateau. Sua eleição para a Assembleia Nacional o levou para a capital, Abuja. Apesar da distância (150 km), toda semana ele ia ao hospital no intuito de ajudar com cirurgias.

"Meu marido fez muitas coisas para a Nigéria", disse a viúva. "Eu sei que a sua vida abençoou muitos e Deus continuará usando o seu legado. Ele amava a Nigéria e o povo nigeriano, a quem servia com todo o zelo."

Hannatu Dantong tem três filhos. Dois dele, Dan e Grace, frequentavam a universidade, mas decidiram ficar em casa para fazer companhia à sua mãe durante este tempo doloroso de lamento e luto.

"Eu nunca vou me esquecer daquele dia", disse ela. "Meu marido foi ao funeral no início da manhã e planejava retornar logo para me acompanhar à igreja. Como havíamos combinado o horário, e ele demorava a chegar em casa, eu fiquei bastante preocupada e liguei para o seu telefone celular várias vezes, mas ele não atendeu. Fiquei tão angustiada que entrei no carro e dirigi até o local do funeral. Antes mesmo de chegar lá, recebi um telefonema com a terrível notícia de que meu marido havia sido morto."

"Gyang amava os nigerianos e a obra do Senhor neste país. E eu o amava muito", disse ela, "é muito difícil avançar sem ele."

Perseguição aos cristãos
A Nigéria ocupa o 13º lugar na classificação de países que mais perseguem os cristãos. Embora exista liberdade para evangelizar, há uma forte oposição dos muçulmanos contra os cristãos que praticam este ministério. A oposição islâmica já foi responsável pela morte de muitos mártires, especialmente na região norte do país.
O estado de Jos é o local de maior tensão entre cristãos e muçulmanos: entre 1999 e 2001, uma série de revoltas e motins ocorreu na cidade, onde mais de mil pessoas foram mortas. No natal de 2011 diversos ataques à bomba foram direcionados contra igrejas cristãs nos quais mais de 40 pessoas foram mortas. O grupo radical islâmico Boko Haram assumiu a autoria dos atentados. Abaixo, leia outras notícias sobre o aumento da violência na região. Não deixe de orar pelo restabelecimento da paz na Nigéria.

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FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoAna Luíza Vastag

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