Em março de 2009, Rustampoor Maryam, 29, e de Marzieh Amirizadeh, 32, foram acusadas pelo estado iraniano como “ativistas antigoverno”. Elas passaram 259 dias na prisão de Evin em Teerã antes de serem soltas em novembro de 2009.
Na primeira entrevista desde que foram soltas, as duas relataram como era a vida delas na prisão ao repórter Sam Yeghnazar, do Ministério Elam:
Sam: Qual foi a pior coisa que aconteceu com você?
Marzieh: Um dos piores momentos foi a execução de duas de minhas colegas prisioneiras. Eu nunca tinha experimentado uma coisa dessas. Uma das mortas era a minha companheira de cela. Tínhamos passado muito tempo juntas. E um dia eles a levaram a ser executada. Durante uma semana eu fiquei em estado de choque. Matar um ser humano foi tão fácil para eles. Ela viveu entre nós, um ser humano. Eu a via todos os dias, e nos cumprimentávamos com um “olá!” No dia seguinte ela não estava mais lá. Após estas execuções o espírito de tristeza e morte pairava sobre a prisão. Houve um silêncio mortal por toda parte. Todas nós sentimos isso. Não havia nada que pudéssemos fazer. Todo mundo estava sob pressão. A tristeza foi esmagadora. Olhávamos uma para a outra, mas não tínhamos poder de falar. Esta foi a pior experiência. Foi horrível e tangível.
Maryam: A pior coisa para mim foi a execução de Shireen, que se tornou uma grande amiga na prisão.
Sam: Você tem medo de execução?
Maryam: Eu nunca pensei que seria executada. Pensei que poderia ser condenada à prisão perpétua porque essa é a punição para as mulheres condenadas por apostasia. Eu apenas pensei que isso era algo que teria de suportar.
Marzieh: Antes de ser presa, falava sobre a execução, mas quando isso aconteceu, eu experimentei o temor dela – minha maneira de falar mudou. A primeira noite que passamos no cárcere, eu e Maryam, ficamos muito assustadas. Nunca imaginei que seria tão assustador. Nós tínhamos conversado sobre essas coisas antes. Mas a atmosfera lá e o que aconteceu com a gente assustou-nos além das nossas expectativas. Estávamos confinadas a uma sala escura e suja, e paralisadas de medo. Poderíamos ver o medo nos rostos umas das outras. Oramos e o que nos acalmou foi a presença de Deus e a paz que Ele nos deu. Eu só quero acrescentar, é fácil dizer que eu dou minha vida para o Senhor e eu farei qualquer coisa para Ele, até mesmo morrer. Eu sempre pensei que seria um privilégio dar a minha vida para o Senhor. Você diz estas coisas. Mas os medos humanos agarraram-nos. O poder do Senhor nos ajudou a superar esses medos, assim como quando nós oramos na delegacia de polícia. Deus expulsou o nosso medo e renovou a nossa força.
Sam: Como os guardas as tratavam?
Maryam: Quando fomos presas a maioria dos guardas nos tratavam mal, especialmente quando eles sabiam que tínhamos nos envolvido em evangelismo. Eles nos amaldiçoavam e diziam que não íamos beber água ou usar o lavatório. Mas isso mudou e, eventualmente, eles nos pediram para orar por eles.
Sam: Como as outras prisioneiras as tratavam?
Marzieh: Algumas nos chamavam de “sujas, imundas apóstatas”, mas a opinião delas mudou e aí elas nos pediram perdão. Nós tínhamos nos tornado um exemplo para elas e isso era uma vantagem para no nosso lado.
Maryam: Na Prisão Evin prisioneiras políticas bem-educadas e de negócios nos chamaram de apóstatas impuras. Em menos de um mês tudo mudou. Ao conhecer um pouco sobre o nosso caráter, elas estavam curiosas sobre a nossa fé, começaram a nos respeitar e, se algum problema surgisse, elas nos chamavam para ajudar a resolver.
Sam: Vocês conseguiram fazer com que outras prisioneiras chegassem à fé?
Marzieh/Maryam: Sim.
Maryam: Quando estávamos na Vozara – a primeira prisão para onde elas foram levadas – fizemos a oração de conversão para muitas prostitutas. Elas oraram conosco. Mas havia outras que até gostariam, mas tinham muito medo de confessar sua fé. Muitas foram impactadas.
Sam: Que mensagem você daria para milhares de irmãos em Cristo que oraram por vocês quando estavam na prisão?
Marzieh: Eu gostaria de agradecer-lhes por suas orações e apoio, e também pelas cartas que nos enviaram. Durante esse tempo não foi apenas Maryam e Marzieh que foram presas, mas estiveram conosco todos esses guerreiros de oração. Isso foi um grande incentivo para nós. Nós podíamos sentir que não estávamos sozinhas. Então, por favor, continuem orando por aqueles que estão na prisão por causa da sua fé. Crentes no Afeganistão, no Paquistão e em tantos outros lugares. Não pensem que suas orações não são importantes.
Sam: O que aconteceu com os milhares de cartas que foram enviadas?
Marzieh: Bom, soubemos que milhares de irmãos em Cristo nos enviaram cartas na prisão, mas infelizmente não recebemos nenhuma carta. Porém, quando as pessoas que nos visitavam diziam que cristãos nos enviavam cartas, sentimo-nos incentivadas, motivadas a permanecer de pé. O interessante é que os guardas que abriram nossas cartas liam os versículos da Bíblia e as orações. Eu sei que através disso eles foram impactados. Sabemos disso porque eles nos disseram e mencionaram alguns dos versículos do Evangelho. Eu não posso agradecer pessoalmente [aqueles que enviaram cartas], mas o que está em meu coração, posso dizer: obrigado. Embora eu saiba que isso não é o suficiente.
Maryam: É verdade que nós não vimos as cartas que nos foram enviadas, mas nós sabíamos que havia um grande grupo nos apoiando. Esse foi um incentivo enorme para nós. Os guardas nos diziam que cerca de 50 cartas chegavam para nós todos os dias. Que privilégio! Eles viram como os cristãos estavam unidos para apoiar os seus. Isso foi algo que nos deu esperança.
Nota da VdM: O site
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